aventura Babados

O passeio secreto em Imbassaí

07:43Carla Ribeiro

O vestido encharcado e já cheio de terra não chegava a incomodar tanto quanto a presença daquele estranho me observando à distância. Deitada na areia molhada, a alguns metros de onde Mark pacientemente observava o mar, eu tentava encontrar o melhor ângulo para fotografar aquela paisagem paradisíaca. Isso até o homem desconhecido e seu quadriciclo se colocarem bem no canto esquerdo do meu campo de visão. Respirei fundo e decidi esperar mais um pouco quando, através da lente, percebi que o estranho se aproximava lentamente.

Ai, meu Deus. Mark poderia estar mais perto de mim, pensei enquanto levantava do chão e oferecia o meu melhor sorriso de "por favor, me mate, mas não me estupre".
- Não se assuste - ele disse pausadamente. - É que nós temos uma situação aqui.
Assassinato. Alguém foi assassinado e eu estou no meio do nada com um gringo. Comecei a me recriminar por ter continuado caminhando para lugares cada vez mais remotos da praia. Era sábado, eu queria encontrar um espaço de paisagem que não estivesse completamente tomado por turistas afoitos. Agora me dava conta de que eu era uma turista afoita e que, por causa de uma foto extra no Instragram, estava ali conversando com um estranho sobre um possível assassinato.

- O que aconteceu? - perguntei. Na minha visão periférica já via Mark percebendo o diálogo inusitado e caminhando em minha direção.
- Vocês estão hospedados em que hotel? - devolveu o estranho, parecendo meio desconfiado.
- Luar da Praia - respondi. - É meio longe daqui, a gente veio andando... - minha voz quase se desculpando pela possível enrascada em que tinha me metido.
- Eu sou segurança do resort e nós recebemos uma denúncia de que dois elementos estão assaltando diversos hóspedes por aqui.
Ah, então não foi um assassinato. Soltei o ar lentamente e, só então, percebi que estava prendendo a respiração todo esse tempo.

- Ah, certo. - devolvi mais relaxada. Mark chegou mais perto e passou o seu braço por meus ombros de maneira protetora. Ele sorria como se compreendesse o assunto, mas seus olhos silenciosamente me perguntavam qual o motivo da conversa com o estranho. - Vamos voltar, então. Onde eles estão?
- Eles estão bem ali atrás do meu quadriciclo. - o segurança apontou discretamente com a cabeça. - Posso tentar tirar uma foto deles fingindo que estou fotografando vocês dois?
Acenei que sim e puxei Mark para um ângulo que beneficiasse a foto furtiva dos dois bandidos. Após posar como um casal feliz para uma imagem que poderia estar nas manchetes do dia seguinte, fomos deixados sozinhos pelo segurança.

- What was it about? - perguntou meu inglês, querendo saber qual o motivo da foto surpresa no celular de um estranho.
Tentei explicar o mais rápido que pude, enrolando inglês com um português de quem não quer perder todas as fotos da viagem, a câmera, o celular e outras coisas que bandidos levam só porque estão armados e podem levar. Mark não entendeu quase nada, mas passou a me seguir de volta para o hotel a passos largos e rápidos.

Olhei para trás e vi os dois homens descendo a ladeira e vindo em nossa direção. O segurança, em seu triciclo e munido de um binóculo, dirigia devagar ao nosso lado, quase nos acompanhando na missão de fugir dos marginais. Começamos a correr cada vez mais rápido, tentando nos afastar dos rapazes, que continuavam a vir em nosso encalço, quando o desconhecido se aproximou bastante e anunciou:
- Ah, eles estão armados! - Logo antes de acelerar seu quadriciclo de volta para o resort de onde veio.

Foi então que Mark pareceu compreender o que estava acontecendo e, enquanto corríamos de mãos dadas, olhou para mim com a testa franzida em interrogação e um sorriso quase imperceptível no canto da boca.
- Poxa, e ele nem ofereceu uma carona, né? - perguntou, em inglês, contra o vento.
Eu sorri, quase sem respirar e, entre olhar para trás e continuar correndo dos bandidos, gritei para os coqueiros, para o mar e para Mark:

- Bem-vindo ao Brasil!



Fala, galera!! Eu pensei bastante se contaria ou não contaria sobre a minha viagem com o boy pra Imbassaí porque já fiquei prevendo váááaaarios comentários e o interrogatório tipo: "ué, mas como assim são namorados, crentes e viajaram juntos?"

Tive que conversar com meus pais bem seriamente sobre isso e não sabia se falar a respeito ia ajudar ou atrapalhar os outros leitores cristãos e não cristãos do blog. Apesar de ter evitado postar fotos de nós dois juntos, nas redes sociais, durante a viagem, decidi que minha vida é um livro aberto. Então, já que eu resolvi me expor, vou explicar meu pensamento e deixar ali o espacinho do comentário pra você discordar, dedicar versículos bíblicos e me avisar que estará orando por mim. :P

Resumindo a história: Eu morei sozinha na Noruega por um ano e meu namorado ia me visitar (ou eu ia visitá-lo) duas vezes por mês. A gente dormia na mesma casa, no mesmo quarto. Depois disso, eu passei dois meses morando com ele na Inglaterra. Pois é. Não existem motivos racionais pra eu não poder viajar com o cidadão para um lugar aqui perdicasa.

A gente decidiu que vai fazer sexo só depois de casar porque entende que é isso que Deus pediu pra gente e colocou no nosso coração, no nosso relacionamento. Isso não depende de pai ou mãe proibirem de ficar junto, de sair junto, de namorar sozinho, de viajar pra Imbassaí.

Se eu acho que todo mundo pode ter a mesma liberdade? Não. Mas não porque eu seja melhor que ninguém. É só que não me acho no direito de sair por aí transformando nossa experiência pessoal em doutrina, sabe? Se você acha que é pecado, não faça. Se você ficou escandalizado, hahahaha mano... Te amo. Eu também me escandalizo com cada coisa, viu?

Mas enfim... Depois de muito enrolar, vou contar pra vocês como foram esses dias na Pousada Luar da Praia, em Imbassaí, Bahia. Sigam-me os bons:

Pra começar, conversei com meus pais, falei que só iria se eles deixassem e, depois de uns dias, liberaram a gente pro passeio. Aí então, minha mãe me ajudou a encontrar uma pousada bem bacana no Booking. Compramos 3 diárias para duas pessoas, com café da manhã incluso, por 550 dilmas.

Euzinha deitada usufruindo desse marzão de meu Deus porque sim
O lugar era na beira da praia e, pagando a gasolina, conseguimos uma carona até quase a porta da pousada!!! Eita, benção! haha Para economizar mais um pouquinho, que ninguém é de ferro :P, compramos água, guaraná antártica, pão de forma, queijo, presunto, margarina, requeijão e suco de uva no mercadinho. Como conferimos que os quartos tinham frigobar, levamos esse tanto de tralha que era pra já ter uma besteirinha pra comer nos horários de almoço e janta.

No final, acabamos jantando fora duas vezes, mas isso desequilibrou meu orçamento hahaha Gastei uns R$ 150 a mais que o planejado. Tirando isso e a história verídica do começo do post, o lugar é paradisíaco. Uma piscina linda, um mar não tão calmo, praia limpa, coqueiros e todos os clichês.


Em um dos dias, acordamos super cedo para ver o nascer do sol e tirar algumas fotos mais bonitas com a câmera, mas eu estava mais morta do que viva (porque ninguém merece acordar 4h30 da manhã), então essa daí de cima foi a única ideia assim totalmente inovadora que eu tive. :P

Então foi isso. Recomendo a viagem pra Imbassaí e amei ir com Markito, mas fiquei com vontade de descer de galera, sabe? Juntar um monte de amigo e ir todo mundo curtir piscina, praia, café da manhã, assaltos a mão armada...

Nossa próxima parada ainda não foi definida, mas ainda queremos visitar outros lugares da Bahia como, por exemplo, a Chapada Diamantina, Baixios, Itacaré, etc. Daí eu venho contar os babados num post mais detalhado e mais próximo da data da viagem, né? Eu demoro tanto de escrever as coisas que até perde a graça do detalhe hahaha  Mas tenham paciências comigo e voltem para saber como foram os meus dias no hospital, na semi-UTI, graças a uma pancreatite biliar aguda :((

A boa notícia é que está tudo bem agora! Uhuuuul!!  haha Enfim.. Voltem sempre e deixem seus comentários na caixinha aqui embaixo. Baaaaai.

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